quinta-feira, 23 de junho de 2016

Hoje me dei um presente.
Um presente que não havia me dado a algum tempo. Hoje me dei o direito de não correr. Me deixei andar tranquilamente pelas ruas dessa cidade que tanto amo. Tinha coisas pra resolver? Sim, mas não precisava de pressa.
Fui onde meus pés me levaram, e me levaram tão longe... Me levaram até Cervantes, Quintana, Elis e arte.
Percebi que ainda há boas iniciativas no mundo. Um pequeno cartaz me fez entrar em um sebo: "doe um agasalho e ganhe um livro", eu ganhei meu dia. Esse pequeno gesto fez brotar um sorriso em meu rosto, sorriso esse que permaneceu por todo o trajeto.
Segui pela Rua dos Andradas, uma das mais famosas de Porto Alegre, não sabia se deveria ir para casa, ou se deveria ir ao próximo compromisso. Decido continuar o trajeto.
Ao chegar a Casa de Cultura Mario Quintana, me deparo com uma performance acontecendo na Travessa dos Cata-ventos. Um rapaz nu, dentro de uma bolha. Observo por alguns minutos, o suficiente para perceber o quanto a arte é necessaria. Por vezes o rapaz tremia (descubro depois que fazia parte da performance), as pessoas riam, diziam que ele devia estar com frio, mas especialmente espantadas com a nudez do rapaz. Um corpo é só um corpo. Me pergunto quantas pessoas leram a proposta do artista? Ele pesquisava sobre ritos, tinha varias influências, anos de estudo e pesquisa.
Vou até o segundo andar, não pude fazer o que me levou até lá, maspor coincidência o antigo quarto do poeta fico no mesmo andar. Decido visitar, tinha visto pela última vez quando tinha 10 anos mais ou menos. Fico arrebatada pela sensação desse lugar, todas as vezes que vou, livros antigos e a réplica do quarto. Como se o poeta tivesse saido para um café e já fosse voltar. Suas fotos e poemas por todo o lugar. Me sinto leve.
Como se não bastasse, saio por uma porta diferente e me deparo com uma sala em homenagem a Elis Regina que eu não sabia que existia. Fotos da cantara por todos os lados, Lps antigos, documentos a história dela por toda a sala. E esse poema na parede:
"Agora o braço não é mais o braço
erguido num grito de gol.
Agora o braço é uma linha, um traço,
um rastro espelhado e brilhante.
E todas as figuras são assim:
desenhos de luz, agrupamentos de pontos,
de partículas, um quadro de impulsos,
um processamento de sinais.
E assim - dizem - recontam a vida.
Agora retiram de mim a cobertura de carne,
escorrem todo o sangue, afinam os ossos
em fios luminosos e aí estou
pelo salão, pelas casas, pelas cidades,
parecida comigo.
Um rascunho,
uma forma nebulosa feita de luz e sombra
como uma estrela. Agora eu sou uma estrela."
Poema da cantora, que aprendi a gostar desde a infância. Essa semana foi intensa, estressante, nervosa e muitas outras coisas. E tudo que eu queria era uma massagem, alguma coisa que me fizesse relaxar e ter calma. E a vida se encarregou de me dar uma abraço, e um carinho direto no coração. 
<3

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Sobre blogueiros.

   Recentemente estava assistindo um video com a renovação de votos de uma blogueira, a celebração tinha poucos convidados. Lembro de ter ficado perplexa quando a câmera foca nos convidados e todos, absolutamente todos os convidados estavam filmando a cerimônia com seus telefones. Sendo a maioria dos convidados blogueiros tambem imaginei que estivessem vlogando para seus respectivos canais. Comecei a refletir o quanto as midias sociais tem nos distraido das coisas realmente importantes, a ponto de não conseguirmos largas os celulares para assistir uma cerimônia de renovação de um casal de amigos? Por que temos necessidade de documentar tudo com os celulares e não com os olhos. Como se não tendo registros o momento não tivesse acontecido.
   Li uma crônica da Martha Mederios que se tratava exatamente disso, ela dizia ter feito uma viagem a Europa sem câmeras fotográficas, mas que havia registrado tudo de qualquer formar e que havia vivido muito mais assim.
   As vezes acho que nasci na época errada, pois me sinto exatamente assim, apesar de ter apenas 22 anos e ter praticamente todas as redes sociais, não tenho paciencia para utilizá-las, muito menos atualizá-las constantemente. E sinceramente ainda prefiro uma ligação de um ente querido a uma mensagem de Whattsapp.
    Logo após isso, a moça estava fazendo sua declaração ao amado e alguém falou uma piadinha, que não me recordo no momento, em suma dizia pra ela parar de falar logo. Achei muita falta de respeito. Fiquei pensando em como eu me sentiria no lugar da moça, achei horrível. O que me levou a pensar se tudo aquilo não era apenas uma exibição para os seguidores, afinal o casamento de fato ja havia acontecido. Era só para divulgar o serviço? Me pergunto se realmente era necessario.
Apesar de não ter tantas oportunidades quanto a moça, me senti privilegiada de certa forma por não ter que fazer da minha intimidade tambem uma mercadoria...